top of page

Terapia Online

Psicóloga Ana Carolina

  • Facebook
  • Instagram
Psicóloga Ana Carolina Mainetti Terapia Online

Delírio a dois em casal: Folie à Deux amorosa

Como é o Delírio a Dois em casais?


Os casos mais corriqueiros de Delírio a dois em casal (ou Folie à Deux amorosa) são encontrados em pares que estão na fase da paixão e alimentam crenças de que o universo os uniu, interpretando acasos como “sinais”, se tornando alheios aos outros e criando um ou mais delírios compartilhados, caracterizando o quadro de Folie à Deux em casal, também conhecido como “loucura a dois” e Transtorno Delirante Induzido.


Nos casos mais leves de Delírio a Dois em casal, e que podem durar menos tempo, ambos creem que são como almas gêmeas e procuram explicações sobrenaturais para seu amor. Coincidências banais são percebidas como provas do quanto combinam, como por exemplo: terem nascido no mesmo mês, os nomes das mães começarem com a mesma letra, gostarem da mesma banda, etc.


Em casos mais graves de Folie à Deux, o casal tem delírio compartilhado de perseguição, de grandeza, de ciúme, de referência, entre outros, o que pode afetar significativamente a vida de um ou de ambos, inclusive induzindo a comportamentos danosos ou ao crime. Como, por exemplo, as violências em casos de delírio de ciúme, o isolamento desencadeado por delírio persecutório e a automedicação em casos de delírio somático.


Por que o casal não percebe que está em uma Folie à Deux?


O que dificulta a identificação de que estão em um estado de Folie à Deux é o fato de que os delírios são percebidos como certezas, por mais que existam evidências que provem o contrário. Além da percepção da realidade estar afetada, nem sempre a dupla divide o que pensa com pessoas de fora. Um pode contribuir com conteúdos que alimentam o delírio do outro e, não havendo questionamentos, caminhos mais graves e perturbadores podem ir se configurando.


Mas em casos tênues, as ideias delirantes vão dando lugar à realidade da vida e o casal sai do estado de “loucura a dois” naturalmente, sem nem perceber que esteve.


Por que acontece o delírio a dois entre casais apaixonados?


  • Desejo


Nos casos em que a “loucura a dois” ocorre na fase da paixão, pode ser desencadeada por um forte desejo sexual, mas também por muito romantismo, crenças espirituais ou sobrenaturais. Algumas vezes o delírio é como um álibi para que possam realizar desejos através de uma justificativa que considerem plausível, gerando menos dúvida ou culpa. Por exemplo, acreditar que o destino os uniu de forma mágica e sair da casa dos pais para morar juntos ou decidir ter um filho, em pouco tempo de relacionamento.


  • Fuga da realidade


Outra razão de ocorrer a Folie à Deux, é para lidar com certas durezas da vida real. A realidade mostra que não é tão simples uma vida a dois, então o delírio vem ocupar o lugar de simplificar e trazer uma saída fantasiosa mais reconfortante para esta angústia.


Entretanto, a Folie à Deux pode manter uma pessoa desconectada da realidade e permanecer em um relacionamento prejudicial. Por exemplo, ao acreditar que foram feitos um para o outro e existe uma união protegida por forças superiores, uma pessoa pode permanecer em um relacionamento abusivo em vez de tomar alguma providência para ter uma vida mais digna.


  • Traumas


Da mesma forma, a Folie à Deux amorosa pode surgir como defesa psíquica contra traumas em vínculos afetivos anteriores, seja no campo amoroso ou familiar. Ao estar convicta de que o novo parceiro é perfeito e o amor é inabalável, uma pessoa com traumas prévios pode se sentir segura para se vincular novamente. O desejo de ser amada, cuidada e curada é tão forte, que pode construir constatações fantasiosas de que, finalmente, está experimentando um amor incondicional e eterno. Contudo, ao se distanciar tanto da realidade, fica aumentada a probabilidade de viver uma nova desilusão.


O Delírio a Dois entre casais pode durar para sempre?


Muitas vezes, o delírio compartilhado ocorre porque um dos dois já apresentava algum Transtorno Psicótico. Nestes casos, a pessoa primária acaba induzindo a outra a compactuar com suas ideias. Geralmente, a pessoa secundária é mais vulnerável e acaba sendo envolvida nas crenças delirantes justamente pelo grau de proximidade alto e, algumas vezes, pelo isolamento social que ocorre com alguns casais. Nestes casos, conhecidos por Folie imposée, a pessoa secundária volta ao seu estado saudável anterior quando separada do parceiro psicótico. Mas há circunstâncias em que ambos já possuíam tendências psicóticas e passam a construir um delírio comum, sendo este tipo de quadro chamado de Folie simultannée.


Quando há um Transtorno Psicótico e existe uma dinâmica de dominação-submissão, a tendência a Folie à Deux no relacionamento amoroso aumenta, por isso é importante a busca por ajuda psicológica e psiquiátrica, evitando que dure indefinidamente. Além do mais, casais que não se tratam, quando têm filhos, podem perpetuar a condição e desenvolver o mesmo quadro com um dos filhos ou gerar a Folie à Trois (loucura a três) ou Folie en Famille (loucura familiar).



Fatores de risco para o desenvolvimento do Delírio a Dois entre casais


  • Transtorno Psicótico


Em casos de Folie à Deux entre pares amorosos, geralmente um dos dois parceiros porta algum Transtorno Psicótico ou outra condição de saúde mental que o predisponha a crenças disfuncionais. Quando apenas um é portador, o outro pode ser convencido da veracidade daquelas crenças e passar a compartilhar o mesmo delírio.


  • Limitações psicossociais


Pessoas com alguma limitação, como deficiência intelectual, dependência financeira, depressão profunda, pouca idade, imaturidade, inexperiência de vida, capacidade de discernimento comprometida, personalidade dependente, precário acesso à informação, pobreza cultural, baixa autonomia ou qualquer outra condição que as tornem vulneráveis, possuem um risco aumentado de desenvolver Folie à Deux amorosa.


  • Isolamento social


Quando um casal se isola socialmente, seja por escolha ou por questões da vida como doença ou migração, por exemplo, tende a compartilhar ideias somente entre si. A falta de interferência do mundo externo pode ir levando o casal a criar um universo próprio que vai se distanciando da realidade do mundo.


  • Escolha amorosa rasa ou rápida


Critérios superficiais, como por exemplo, ser “bonito”ou “legal” para a seleção de um parceiro romântico, podem levar uma pessoa a se relacionar com alguém delirante ou com outras psicopatologias não tratadas, sem que os sintomas sejam percebidos no início. Ao longo do envolvimento, um pode ir se acostumando com as crenças disfuncionais do outro e caminhar para o Delírio a Dois amoroso. Do mesmo modo, casais que se vinculam muito rápido, entusiasmados com a fase da paixão, podem também não avaliar racionalmente a personalidade do parceiro.


  • Transtornos de Personalidade


Aqueles com Transtornos de Personalidade têm maior predisposição para ideias delirantes ou poder de convencimento, portanto quando um ou ambos apresentam um Transtorno de Personalidade, há maior incidência de Delírio a Dois no relacionamento amoroso.


Um exemplo muito comum é o de pessoas com Transtorno de Personalidade Narcisista com delírio de grandeza se vincularem com parceiros românticos que compactuam com sua superioridade. (Saiba mais sobre "Narcisismo e Conarcisismo" neste outro artigo).


Alguém com Transtorno de Personalidade Antissocial, pode convencer a parceria de que certos crimes são inofensivos e até torná-la comparsa de fraudes e demais contravenções, por exemplo, influenciando-a a pensar que o governo é mau em cobrar impostos ou que roubar de quem é rico não é um problema, pois não fará falta.


Da mesma forma que alguém com Transtorno de Personalidade Paranoide, que tende a interpretar as ações dos outros como mal intencionadas, poderá convencer o par amoroso a abandonar um tratamento médico por suspeitar que o profissional de saúde tem um diploma falso, por exemplo.


Além destes, os outros Transtornos de Personalidade que podem apresentar delírios ou estar mais propensos a acreditar em crenças irrealistas do parceiro são: Transtorno de Personalidade Borderline, Transtorno de Personalidade Esquizotípica, Transtorno de Personalidade Dependente, Transtorno de Personalidade Evitativa e Transtorno de Personalidade Esquizoide.


  • Problemas familiares prévios


Ter crescido em um lar em que houve Folie à Deux entre o casal de pais ou entre pais e filhos, pode conduzir uma pessoa a se acostumar com vínculos afetivos permeados por crenças paranoicas compartilhadas.


Ter vivido com algum familiar com transtornos mentais também pode inclinar uma pessoa a não discernir entre comportamentos apropriados e inapropriados.


Do mesmo modo, ter sido criado em um ambiente familiar violento, pode resultar em uma noção distorcida sobre o que é um amor sadio.


Famílias com tendências simbióticas ou que se superprotegiam podem promover que seus membros não consigam se adaptar em vínculos mais autônomos, e acabem por se unir a pessoas mais dominadoras ou dependentes.


Assim como pais que viveram isolados socialmente podem desenvolver um funcionamento próprio e peculiar, promovendo que os filhos busquem parceiros também mais reclusos ou incomuns.


Consequências da Folie à Deux amorosa


Em casos leves, o casal pode transitar por uma fase de loucura a dois, sem que isso acarrete em prejuízos. Como citado anteriormente, a fase da paixão pode impulsionar a dupla a uma simbiose que os distancia da realidade, mas em geral, este estado é passageiro.


Porém, há casos graves em que a vida de um ou dos dois pode ficar muito prejudicada, podendo, inclusive, afetar terceiros. São inúmeros os casos de delírio compartilhado entre casais que progridem para um estado muito perigoso. Diversos crimes noticiados sugerem que o problema começou com um Delírio a Dois amoroso, como nos exemplos a seguir (clique para ler a notícia):







Assim como no filme “Coringa: Delírio a Dois”, diversos personagens da literatura e do cinema vivem uma Folie à Deux amorosa. Quando retratados de forma caricata, levam o público a um momento de diversão sem grandes impactos. Mas, dependendo do enredo, alguns filmes podem naturalizar comportamentos prejudiciais, incitando o público a compreender a dinâmica disfuncional do casal como "romântica".


Como eu posso ajudar


Posso ajudar com terapia individual online, em um espaço seguro para que você possa explicar sobre o sofrimento que vem atravessando por estar ou ter estado em um relacionamento amoroso com características de Folie à Deux. Iremos avaliar o estilo da relação, os conteúdos das crenças, a sua personalidade e a do seu parceiro. Vamos desenvolver um olhar questionador e reflexivo em relação às convicções delirantes, examinar as evidências e considerar pontos de vista alternativos.


Eu também posso ajudar com terapia de casal quando ambos reconhecem que se encontram em uma Folie à Deux amorosa e desejam tratar as causas e consequências. Teremos como foco transformar a relação em um vínculo mais saudável, permeado por ideias e comportamentos mais realistas e funcionais.



A Terapia do Esquema, a TCC e a Psicanálise trazem muitas contribuições na compreensão e no tratamento psicológico dos traços psicóticos. Costumo estudar e utilizar estas abordagens na terapia online e percebo bons resultados.


Mudanças significativas podem levar um certo tempo e exigir esforço pessoal, mas valerá a pena alcançar uma compreensão mais profunda de si mesmo e da relação, ter mais qualidade na vida a dois e cultivar uma estabilidade na saúde mental.


Como agendar


O agendamento das sessões de terapia é eletrônico no meu consultório virtual que fica na plataforma de terapia online Zenklub. A minha agenda aparece com todos os horários disponíveis e convertidos para o seu fuso-horário local. Você pode realizar as sessões de terapia online pelo site no computador ou pelo app do Zenklub no celular. Caso precise, no meu site, há um passo a passo de como agendar. Se quiser conhecer mais sobre minha trajetória, clique aqui.


Aguardo você(s)!


Psicóloga Ana Carolina Mainetti




Delírio a dois em casal (ou Folie à Deux amorosa) casal compartilha delírio e se olha em cumplicidade

Comments


bottom of page